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UNAMA cria óleo anti-inflamatório de murumuru e patchouli​

A pesquisa e a produção do produto, o qual é de baixo custo e tem duração de 60 dias depois de aberto, surgiram em sala de aula
Assessoria de Comunicação Por: 12/12/2023 - 16:41

Por Rayanne Bulhões

O murumuru é um fruto típico da região amazônica e utilizado em larga escala na indústria de cosméticos. Encontrado em grande parte do Pará, sobretudo nos municípios de Chaves e Afuá, onde a produção e colheita são mais abundantes, ele também tem propriedades medicinais e pode trazer benefícios para a sociedade. A partir disso, professores e alunos dos cursos de Biomedicina e Farmácia da UNAMA Parque Shopping conseguiram criar um óleo com efeito anti-inflamatório.
 
A pesquisa e a elaboração desse produto surgiram ainda em sala de aula, na tutoria do coordenador de Biomedicina da UNAMA, Luís Ferreira, e do professor Jeferson Pina. Inicialmente, foram produzidos quatro litros do óleo e os primeiros resultados já foram positivos. “O projeto surgiu por conta do Círio e da vinda dos romeiros à Belém. Tradicionalmente, fazemos massagem com óleos para aliviar as tensões das pernas e dos pés deles.  Com isso, nossa equipe decidiu trocar os óleos convencionais de andiroba pelo de murumuru, devido às propriedades”, afirma. O docente da UNAMA ainda disse que os principais casos foram em pacientes com lesões em ligamentos e contusões musculares. Nessas situações, o óleo de murumuru é eficaz e pode ser potencializado com a massagem.
 
O produto foi pensado a partir de um levantamento regional do insumo, do custo e do fomento da economia local, incentivando o pequeno agricultor. "Toda produção é previamente realizada em alguma comunidade perto de Belém para avaliar a aplicabilidade e possibilidade da extração do óleo ser exequível. Esse ponto é crucial, pois juntamos o saber científico com o saber empírico e cultural da nossa população amazônida-ribeirinha”, destaca o docente.
 
De acordo com o professor, o resultado foi promissor. “Os óleos já eram utilizados pelos nossos próprios alunos e elaborados em nossas aulas práticas. Entretanto, no projeto Círio 2023, estendemos para a população por meio das ações dos acadêmicos de Fisioterapia, que os utilizaram para as práticas de liberação miofascial nos romeiros. A aceitação foi fantástica. O público externo e os profissionais que aplicavam o óleo relataram que as características eram sensacionais, além das propriedades medicinais”, celebra Luís Ferreira.
 
Benefícios do óleo
Entre outros benefícios do produto estão o restabelecimento do manto lipídico natural da pele; a ação de vitaminas D, A e E - que auxiliam na firmeza e hidratação - e a de antioxidantes - impedem o envelhecimento precoce. Ele também tem propriedades que melhoram o sistema circulatório. Após a abertura do frasco, a recomendação é utilizar o óleo em até 60 dias.
 
Produção
A produção é feita em, aproximadamente, uma semana. O primeiro passo é a extração do óleo, da prensagem do fruto, posteriormente o refino e incorporação da essência de patchouli. Depois de pronto, há o processo de envase, rotulagem e farmacotécnica do produto. Essas etapas no laboratório foram acompanhadas pelo professor Jeferson Pina.
 
“O processo de extração utilizado foi a destilação por arraste de vapor e hidrodestilação. Para isso, utilizamos a estrutura dos maquinários da UNAMA. Este e muitos outros produtos são fabricados por nossos alunos e vendidos a preços simbólicos para manter a compra de insumos e instigar a produção in loco. Alén disso, o óleo já pode ser patenteado”, diz Jeferson.
 
Incentivo à pesquisa
Além de incentivar a pesquisa e trazer benefícios para a saúde, o professor destaca que o produto pode fortalecer a sociedade como um todo. “A grande relevância deste óleo ocorre de modo mútuo. Os romeiros ganharam algo de ótima qualidade regional e que auxiliou na recuperação deles. Já a comunidade ganhou conhecimento acerca do beneficiamento de matéria-prima vegetal, a qual pode ser utilizada na confecção de bioprodutos, gerando, assim, renda para esta população, desenvolvimento sustentável e conscientização da importância da floresta amazônica”, relata.
 
“O nosso projeto acompanha a veia inovadora e empreendedora da UNAMA. Trazer os alunos para esta pesquisa é deixá-los como os atores principais. Além de fortalecer o elo de identidade do estudante com a Universidade, cria expertises técnicas ímpares que extrapolam a sala de aula e chegam a quem, de fato, precisa da nossa ação farmacêutica: a população. Com isso, os acadêmicos estão imersos na interseção entre os saberes tradicionais do nosso povo e o conhecimento científico, permitindo eles usarem os bioinsumos amazônicos em prol da melhoria da qualidade de vida”, finaliza o docente.

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