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Notícias › Resposabilidade Social


No dia da luta em combate com a AIDS, entenda como combater o preconceito contra as pessoas soropositivas

Atualmente, as mais de 38 milhões de pessoas ao redor do mundo que convivem com o HIV precisam não só lutar contra a doença, mas também contra os estigmas sociais que afetam suas vidas
Por: 01/12/2022 - 10:48
Diagnóstico de HIV ainda é motivo de preconceito contra as pessoas soropositivas. Crédito: Freepik

Escrito por Thaynara Andrade

Neste dia 1º de dezembro, é marcado o Dia Internacional da Luta Contra a AIDS, doença que segundo as informações do programa UNAIDS, da Organização das Nações Unidas (ONU), dos anos 1980 até o ano de 2021, já contaminou mais de 80 milhões de pessoas ao redor do mundo e matou em torno de 40 milhões dos infectados.

Segundo a UNAIDS, os primeiros registros do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) datam do período do século XIX, na região da África Ocidental, no qual esses micro-organismos chegaram até os humanos por meio do consumo da carne de macacos. Contudo, a doença só veio a eclodir no mundo e se tornar uma das pandemias mais letais da história, por volta da década de 80. 

Nesse período, países como os Estados Unidos passaram a confirmar os seus primeiros casos e, logo em seguida, o Brasil também se tornou um centro de transmissão. Até então, um vírus desconhecido, o HIV foi recebido pela sociedade com bastante preconceito, de forma que as pessoas diagnosticadas passaram a sofrer com a marginalização.

Para conversar sobre esse tema tão importante, a UNAMA convidou o professor do curso de biomedicina da instituição e especialista em virologia e imunologia, Gustavo Holanda, que esclareceu sobre como a AIDS atua no organismo humano, como ajudar na luta contra o preconceito, entre outras questões importantes para compreender melhor essa doença. Confira:

Qual a diferença entre HIV e AIDS?

Ainda hoje muitas pessoas não conseguem distinguir a diferença entre o vírus HIV e a AIDS, para esclarecer essa dúvida, o biomédico e virologista explicou um pouco mais sobre essa relação: “HIV é o Vírus da Imunodeficiência Humana, causador da AIDS. Já a AIDS é a Síndrome da Imunodeficiência Humana causada pela infecção do HIV.”

Gustavo reforça que ter HIV não implica em necessariamente sofrer com as consequências da doença, “A AIDS só se desenvolve caso a pessoa não realize adequadamente o tratamento contra a infecção, sendo assim, nem toda pessoa que é positiva para HIV também é positiva para a AIDS, depende se está ou não com a infecção controlada.”

Como o HIV age no organismo humano

A transmissão do HIV ocorre por diferentes meios, entre ele está a relação sexual, como também por outros meios, como o leite materno, seringas compartilhadas e de forma direta da mãe para o bebê durante a gravidez. O professor de biomedicina explica como esse vírus atua no organismo: 

“O HIV infecta as nossas células de defesa chamadas de Linfócitos T CD4, que são células muito importantes para que o sistema imunológico organize a nossa defesa contra infecções. Como o HIV destrói essas células, a pessoa desenvolve imunodeficiência chamada de AIDS, ficando suscetível a infecções oportunistas por outros vírus, bactérias, fungos, parasitas e o câncer.”, esclarece. 

Preconceito contra as pessoas soropositivas 

Além dos efeitos devastadores da AIDS, as pessoas soropositivas precisaram no início do surto e até hoje precisam lidar com o estigma social gerado pela falta de informação a respeito da doença, que por muito tempo foi rotulada como um mal que pertencia a grupos específicos, como a comunidade LGBTQIA+, por exemplo.

“As motivações da discriminação são praticamente devido à falta de informação. Antigamente, não se sabia como o HIV era transmitido, então muitas pessoas achavam que podiam pegá-lo pelo contato direto, o que se mostrou incorreto hoje em dia. Infelizmente, até hoje ainda há preconceito com pessoas soropositivas por falta de informação e campanhas de conscientização”, afirma Gustavo. 

Como combater o preconceito contra as pessoas soropositivas

Por haver ainda uma muita falta de informação e ideias pré-estabelecidas, é preciso que a sociedade se empenhe em desmistificar o diagnóstico do HIV na vida das pessoas. De acordo com o professo, essa mudança ocorre por meio da conscientização e educação da população:

“Acredito que o principal meio de combater o preconceito é com educação, desde os ensinos básicos, além de campanhas em meios de comunicação, informando o que é o HIV, como ocorre a prevenção e os meios de transmissão.”, ressalta. 

Teste de HIV e como evitar a transmissão do vírus 

De acordo com a UNAIDS, em 2021 havia cerca de 38,4 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, desse total cerca de 5,9 milhões ainda não sabiam o diagnóstico. Por mais que hoje seja uma doença sob controle, a transmissão segue frequente ao passar dos anos, sendo fundamental não só o cuidado para evitar infecção, mas também a realização da testagem.

“O teste de HIV deve ser realizado sempre que há suspeita de infecção, em casos de transfusão sanguínea, transplante de órgãos e cirurgias. Hoje muitos médicos já solicitam o exame de HIV em testes de rotina.”, destaca o biomédico. 

Gustavo explica como evitar os principais meios de transmissão do vírus, “para evitar a infecção pelo HIV deve-se fazer sexo com proteção (camisinha) e não compartilhar objetos que possam conter sangue (por exemplo, compartilhamento de seringas). E uma mãe soropositiva deve ter o devido acompanhamento médico para evitar a transmissão para o seu filho.”

É possível ter uma vida saudável convivendo com o HIV?

Com a evolução das pesquisas relacionadas ao vírus e o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, na atualidade as pessoas soropositivas conseguem ter uma vida de qualidade mesmo convivendo com o HIV, realidade esta que não era possível nos primeiros anos do surto. Confira  o que diz o professor: 

“Sim, praticamente é possível levar uma vida normal, desde que o tratamento seja feito de maneira correta e com acompanhamento médico. Hoje o tratamento é realizado com uso de antirretrovirais (fármacos que inibem a replicação do vírus nas células).”

Contudo, ele destaca que há um controle do vírus, porém, o paciente deve seguir com o acompanhamento médico, “É importante salientar que o tratamento não elimina completamente a infecção e sim controla a replicação do vírus. Existem diversos tipos desses fármacos e que são indicados por médicos durante o tratamento de acordo com cada caso.”

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