Pequenos sinais de recuperação representam grandes avanços para pacientes em quadro crítico. A reabilitação intensiva é feita por um conjunto de estratégias criado por uma equipe multidisciplinar, incluído o fisioterapeuta, com o objetivo de diminuir os índices de óbitos. As alternativas para a reabilitação de casos delicados é um dos destaques do Congresso Multidisciplinar de Saúde, que ocorre entre os dias 30 de março e 1 de abril, no Hangar Centro de Convenções, em Belém.
O caso da ex-ginasta Laís Souza, que sofreu um grave acidente enquanto se preparava para participar da prova de esqui aéreo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, é um exemplo deste tipo de recuperação intensiva. A brasileira se chocou contra uma árvore em Salt Lake City, nos EUA, e teve séria lesão na coluna cervical. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todo o corpo do pescoço para baixo.
De acordo com a Revisão Sistemática sobre o tema, intitulado “Mobilização Precoce e Reabilitação na UTI: Voltando ao Futuro”, são relatados alguns resultados, a curto e em longo prazo, que esse tipo de terapia proporciona para os pacientes. É observada a diminuição do tempo de ventilação mecânica (o “respirar com ajuda de aparelhos”), diminuição dos índices de delírio, o aumento da força muscular de membros e respiratória e a diminuição do tempo de internação na UTI e hospitalar.
O fisioterapeuta e professor da Universidade da Amazônia, Daniel Torres, ressalta, porém, que o mesmo artigo relata que, embora seja viável, reprodutível e com taxas pequenas de efeitos colaterais, a mobilização precoce precisa de indicações para cada tipo de pacientes. “Desde a década de 1940, os efeitos nocivos do repouso no leito e os benefícios da mobilização precoce têm sido reconhecidos em pacientes hospitalizados. Quando se fala em ‘precoce’, refere-se ao conceito de que as atividades de mobilização começam imediatamente após a estabilização das alterações fisiológicas importantes e não apenas após a liberação da ventilação mecânica ou alta da UTI”, afirmou.
A fisioterapia intensiva para os casos críticos dispõe de várias ferramentas para a realização da mobilização precoce, segundo Daniel Torres, como exercícios com cicloergômetros (em bicicletas adaptadas e acopladas no leito para atividades aeróbias), eletroestimuladores e vídeo games para reabilitação virtual. “Estratégias de mobilização podem ser realizadas por toda equipe multidisciplinar dentro da UTI. O fisioterapeuta fica responsável pela reabilitação física, pois procuramos mais que somente a recuperação da enfermidade. Almejamos a reabilitação funcional de cada paciente. Ou seja, mais do que amenizar as sequelas ou tirá-la o mais rápido possível da UTI, temos uma constante preocupação em saber se essa pessoa será funcional ou retornará para as suas atividades, sejam elas ocupacionais, laborais ou cotidiadas”, declarou.
O tempo de terapia varia de paciente para paciente, segundo o professor. “Duas horas? Dois dias? Dois meses? Depende do que você montou de estratégia com a sua equipe. Depende de qual desfecho utilizou para delimitar o tempo de terapia”, concluiu Daniel Torres.
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