A gastronomia da Região Norte é difícil de ser resumida em uma só base, por ter uma diversidade tão grande, afinal, são sete estados e muita fauna e flora, dentro da área em que se encontra um dos maiores biomas do mundo. O que não faltam são os pratos que, para quem vê de fora, podem parecer curiosos mas descrevem bem a história, a cultura e os sabores na região.
De acordo com o professor de Gastronomia da UNAMA Antonio Comaru, a cozinha no Norte tem marcas muito próprias em meio de vários sabores e técnicas vindos de longe. “Aqui nós vemos todos os princípios de uma cozinha de fusão, que tem como base ingredientes locais em pratos que contaram com a ajuda de índios, portugueses e africanos para se desenvolver”. O pato no tucupi é um exemplo dessa adaptação: o caldo era usado tradicionalmente como uma forma de conservante. Com a chegada de outros povos ao local, a carne de pato começou a ser servida junto com o tucupi, guarnecido com o jambu, criando um dos pratos mais populares do Pará e de todos os estados do norte.
Outra característica marcante destacada pelo professor Comaru é que a cozinha costuma se ligar fortemente aos ingredientes locais. Não é à toa que os pratos mais claramente representativos da região podem até lembrar outras tradições, mas vão muito além disso. De acordo com o chef, “se o pato no tucupi é o ‘rei’ da culinária paraense, a maniçoba é a rainha”. Ela é comparada constantemente com uma feijoada… mas sem feijão. O prato é feito com a folha da maniva, a planta da mandioca, que é moída cozida por quase uma semana até que o ácido cianídrico presente nela evapore. Depois são acrescidas carnes de boi e de porco, ingredientes parecidos com os que vão na feijoada.
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