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O que realmente se perdeu no incêndio do Museu Nacional

Por Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito – Fundador e Presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional –janguie@sereducacional.com
Assessoria de Comunicação Por: 26/09/2018 - 15:51
Imagem mostra Janguiê Diniz com as mãos no bolso
Uma sociedade que conhece seu passado entende melhor seu presente para, assim, construir um futuro promissor
Não foi só Luzia, o fóssil humano mais antigo das Américas, que foi queimada. Também não foi só o esqueleto doMaxakalisaurus topai, o maior dinossauro montado que existia na América, que foi queimado. Nem foi apenas o trabalho de 90 pesquisadores que foi consumido pelas chamas. No incêndio que destruiu quase totalmente o Museu Nacional, o fogo levou parte da nossa história, da nossa memória – não só brasileira, mas mundial. Memória essa já esquecida por parte da população brasileira.
 
Mais antiga instituição científica do país, o Museu Nacional foi fundado por Dom João VI em 1818 – comemorou 200 anos em 6 de junho passado. Sua coleção abrigava mais de 20 milhões de itens, uma das maiores das Américas. Uma das coleções incluía múmias em sarcófagos jamais abertos.  O que fica disso tudo é: quem conhecia esse museu? Uma joia esquecida na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
 
É fato que o museu sofreu com a falta de investimento público nos últimos anos, mas também devemos atentar para o fato de que a própria população negava ou mesmo desconhecia a importância da instituição. Para se ter ideia, em 2017, 192 mil pessoas visitaram o Museu Nacional. No mesmo período, 289 mil brasileiros visitaram o Louvre, em Paris. Buscamos cultura no exterior, nos maravilhamos com as coleções de museus do mundo inteiro, e nos esquecemos de valorizar o que temos em casa.
 
Museus abrigam nossa memória cultural, política, social, nossa identidade enquanto nação. No entanto, parece que visitar o passado não é uma atividade que atrai. Que engano. Uma sociedade que conhece seu passado entende melhor seu presente para, assim, construir um futuro promissor. É preciso que pensemos melhor, a partir da tragédia do Museu Nacional, sobre a importância que damos à preservação e valorização de nosso patrimônio histórico e cultural.
 
O Museu Nacional terá que ressurgir das cinzas. O Palácio de São Cristóvão, que já foi a casa da família real brasileira, terá que ser reconstruído. Mas, que esse episódio trágico sirva também para fazer reacender em nós o interesse por nossa história, o gosto pelo conhecimento. Quantos outros museus precisarão queimar para que despertemos?
 

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