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Movimento Cartonero: preservação ambiental e literária

Surgido em 2003 na Argentina, o movimento ganhou o mundo
Por: Camilla de Assis 16/03/2018 - 17:30 - Atualizado em: 21/03/2018 - 11:38
Movimento Cartonero
Movimento Cartonero
Se na sua cabeça a primeira coisa que passa quando se fala em livros é aquele conjunto de folhas retangulares unidas e contidas por uma capa, você não imagina as diversas formas e materiais que os exemplares podem ser feitos. Um dos maiores movimentos que revolucionaram o sistema de produção de obras literárias foi o Movimento Cartonero. Ele surgiu em 2003, na Argentina, e foi fruto da sobrevivência dos escritores e da população desempregada do país.
 
Os livros no formato cartonero são feitos artesanalmente e de papelão. No Brasil, especialmente no Nordeste, esse tipo de confecção de obras chegou e ganha cada vez mais popularidade. Em Pernambuco, existe uma editora chamada Cartonera do Mar, que começou sua fabricação efetiva em 2015. “Participamos de um projeto coletivo da Mariposa Cartonera em que várias outras cartoneras participaram. A Mariposa cedia seu catálogo de escritores e as demais cartoneras publicavam uma primeira edição para a Mariposa e depois poderia publicar outras conversando com os escritores.”, explica Hermínia Ferreira, uma das fundadoras do coletivo.
 
Para realizar a publicação, basta ter um estilo de escrita que seja compatível com a linha de pensamento do coletivo. “Não temos um corpo de escritores. Os escritores chegam até nós de acordo com o que gostamos e publicamos”, enfatiza Hermínia. São publicados materiais de diversos gêneros literários. Até agora, a Cartonera do Mar tem livros de poesia, contos e ficção. “O contato conosco pode ocorrer por e-mail ou indicação de outros autores e editoras cartoneras.  Durante a avaliação do texto estudamos qual o melhor formato para a publicação, no caso em A4 ou A5. As impressões do autor também são levadas em consideração”, diz a fundadora do coletivo.
 
Já os materiais utilizados podem ser diversos. O coletivo Cartonera do Mar usa, de papelão para a capa, caixa de leite UHT, que tem um melhor acabamento, além de papel para impressão, linha e tintas. Todos os materiais são comprados.
 
Perpetuação da literatura e cuidados socioambientais
O Movimento Cartonero é, sem dúvida, um grande aliado nas questões de preservação ambiental e da literatura. “Atualmente estamos imersos em uma era digital, o que também evidencia o aumento de plataformas que publicam livros digitais. Essas plataformas vêm crescendo a todo vapor, entretanto, essas ferramentas não substituirão os livros impressos. É assim que o Movimento Cartonero instiga, promove e valoriza a leitura das edições impressas e se torna um forte aliado às causas socioambientais. Pois, se além de experiência sensorial (toque, cheiro/textura) que ele traz, acreditamos na sua eficiência no que diz respeito à conscientização e preservação ambiental”, opinia Hermínia, com apoio de todas as integrantes do coletivo.
 
Outras formas de se pensar em sustentabilidade
Apesar da grande influência do Movimento Cartonero quando se fala em preservação do meio ambiente e perpetuação da literatura popular, outras formas de pensar nesses dois aspectos são praticadas por editoras. Uma das que prezam pelas vertentes de sustentabilidade e afetividades das obras literárias é a Castanha Mecânica, fundada pelo poeta e escritor Fred Caju. “Na Castanha há livros cartoneros, com filtros de café, cascas de ovos e até com dobraduras simples que acabam dando um direcionamento gráfico-afetivo ao livro”, conta Caju.
 
Feitos artesanalmente pelo próprio fundador, todo o projeto gráfico dos livros é pensado para que seja “como um braço da narrativa”. Segundo Fred Caju, a perpetuação das editoras independentes e cartoneras é um papel forte na difusão literária. “Muito por conta da ousadia nos enfrentamentos e sobrevivência ao mercado editorial. Porque acabam ficando mais próximas do público do que as editoras editoriais alinhadas às vendas em livrarias”, explica.
 
E você, o que achou do tema? Conte pra gente nos comentários!
 

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