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Especialista debate a necessidade da despatologização de gênero

Assunto será tema de conferência no II Congresso Multidisciplinar de Saúde da UNAMA
Assessoria de Comunicação Por: Deborah Rabelo 29/03/2017 - 11:01
imagem mostra foto da professora
Assunto será tema de conferência no II Congresso Multidisciplinar de Saúde

Sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero.  Essas e outras palavras se tornaram foco de intensos debates, mostrando que o ser humano é muito mais diverso do que o padrão heteronormativo suporta. Mas como que se dão esses debates à luz da academia? “Psicologia e despatologização de gênero”, será o tema da conferência ministrada pela professora da Universidade da Amazônia, UNAMA, Bárbara Sordi, durante o II Congresso Multidisciplinar de Saúde, que ocorre de 30 de março a 01 de abril, no Hangar Centro de Convenções, em Belém.

Alguns autores trabalham com a perspectiva de que existe uma matriz normativa heterossexual. Assim, dentro desta concepção, haveria uma cola entre sexo biológico, identidade, expressão, desejo e prática sexual, o que tornaria os gêneros inteligíveis, criando-se padrões do que é ser menina e do que é ser menino. Nessa perspectiva, tudo que foge a esta matriz seria visto como anormal ou patológico, mas esta visão tem mudado após muitos debates. Termos como “homossexualismo” caíram, uma vez que tratavam a homossexualidade (palavra correta), como uma doença.

Segundo a professora Bárbara, “é importante considerar que tais ideologias são construções sócio-históricas e efeitos de relações de poder. O termo ‘Despatologização de gênero’ se refere à luta dos movimentos sociais para tirar do campo da patologia, da abjeção, aqueles que denunciam a inexistência de uma normatividade em relação ao sexo biológico, identidade, sexualidade e suas nuances. Isso ocorre uma vez que nem todas as pessoas se enquadram na matriz heteronormativa, que subjetiva e inscreve os corpos desde o nascimento, por práticas sutis e naturalizadas, muitas vezes despercebidas e invisíveis”, explica. 

Atualmente, o Conselho de Psicologia se posiciona ao lado dos movimentos sociais. Em relação às pautas de reivindicação, são cinco as apoiadas: a retirada do Transtorno de Identidade de Gênero (TIG) do DSM-V e do CID- 11 (manuais médicos diagnósticos); retirada da menção de sexo dos documentos oficiais; abolição dos tratamentos de normalização binária para pessoas intersexuais; livre acesso aos tratamentos hormonais e às cirurgias (sem a tutela psiquiátrica); luta contra a transfobia, propiciando a educação e a inserção social e laboral das pessoas transexuais. 

Os Direitos Humanos visam garantir dignidade para todos os cidadãos e cidadãs, de forma integral e universal. Infelizmente, na prática, isso nem sempre ocorre. “Por conta da sua sexualidade e sua expressão de gênero, muitas pessoas que se descolam da normativa heterossexual sofrem intensas violações. Isso fere a própria Constituição Brasileira. Cada vez mais, se fazem urgentes debates em relação a leis e políticas públicas que garantam os direitos de todos”, acentuou. 

Infelizmente, o conservadorismo se mostra como um empecilho para o desenvolvimento humano, tão necessário. “Ainda temos, principalmente no Brasil, um movimento conservador presente, existente no próprio congresso, como também ocupando presidência de potências internacionais, como os Estados Unidos. Encontramos dificuldades de pautar sobre sexualidade nas escolas, fato que tem repercussões sociais importantes”, refletiu. 

A sociedade deve se tornar uma aliada dos movimentos sociais para que as identidades de gênero não sejam mais vistas como doenças. “Não se trata de incluir o ‘diferente’, ressaltando sua diferença como patologia, mas de problematizar o que sempre se teve como única forma de expressão, criando furos que proporcionem um pensamento crítico, com novos desdobramentos e reflexões”, finalizou a especialista. 

CONGRESSO

Estes e outros temas serão debatidos no II Congresso Multidisciplinar de Saúde, que ocorrerá nos dias 30 e 31 de março e 01 de abril, no Hangar e englobará as áreas de Nutrição, Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia. As inscrições estão abertas e mais informações podem ser obtidas no site na aba Congressos.

 

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