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Brasil precisa priorizar a agenda ambiental para salvar a Amazônia

Marcele Lima Por: 05/09/2019 - 13:27 - Atualizado em: 06/09/2019 - 13:27
Brasil precisa priorizar a agenda ambiental para salvar a Amazônia/ Felipe Werneck/Ibama
Brasil precisa priorizar a agenda ambiental para salvar a Amazônia/ Felipe Werneck/Ibama

Dia 05 de setembro é o dia da Amazônia, um dos biomas mais ricos do mundo, responsável pela manutenção da vida de milhões de espécies de animais e plantas. Entretanto, nos últimos anos, a floresta vem enfrentando problemas graves de desmatamento e queimadas, colocando em risco inclusive a vida dos povos nativos que vivem na mata e a saúde da população dos estados que a compõe.

Em agosto, o mundo virou-se para olhar os prejuízos causados ao planeta pelo fogo que destruía a floresta, em um dos dias as chamas foram tão constantes e intensas que a cidade de São Paulo, longe da mata, foi afetada. Às 15h do dia 19 de agosto a população da maior cidade do Brasil viu o céu escurecer, reflexos de uma frente fria com as partículas de fumaça oriundas dos incêndios florestais.  

Notícias mostravam os questionamentos do mundo sobre se o governo estava fazendo alguma coisa para controlar a situação. Iniciou-se um mal estar entre os Presidentes Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, da França, que chegou a colocar a situação amazônica como pauta importante a ser discutida na reunião do G7 -  grupo dos países mais ricos do mundo formado pelos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá. 

O presidente brasileiro, por sua vez, disse em alto e bom som que “ A Amazônia é nossa e não de vocês”. Mas a Amazônia não é só do Brasil. A floresta ocupa 43,3% do território no país, equivalente a 4 milhões de km², outros 2,9 km² se dividem entre Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa, que pertence à França.

Para a cientista política Priscila Lapa, os líderes estrangeiros estão cobrando que o país siga os acordos que foram impostos para preservação do meio ambiente. “A pauta ambiental é uma pauta que já vem ocupando diversos países há um certo tempo, fazendo parte de uma nova era de direitos. Tem a ver com uma vida cidadã mais completa, que envolve variáveis como qualidade de vida, direito a um ambiente sustentável. Então essa onda de direitos traz consigo a pauta da questão ambiental como um dos pilares da sustentabilidade da vida no planeta. Inclusive pelo avanço da compreensão em termos mundiais de que você olha para natureza, para os espaços ambientais como biomas que se conectam”, explicou.

Um dos motivos para a repercussão da crise da Amazônia ultrapassar as fronteiras dos países que fazem parte do bioma é simplesmente a questão de que qualquer interferência negativa na floresta pode afetar a vida no mundo inteiro. “A era da globalização econômica trouxe essa ampliação da compreensão de que não adianta cada um fazer o seu isoladamente porque os resíduos que um país gera, por exemplo, interferem diretamente na saúde do planeta como um todo”, lembra a cientista política. 

De acordo com os dados de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), sistema ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em julho deste ano houve uma ampliação de 278% nos desmatamentos da mata, 90% a mais do que no mesmo mês de 2018. O governo questionou esses números e o diretor do Inpe, Ricardo Galvão acabou sendo exonerado. A enxurrada de notícias relacionadas a esses dados tem gerado muita repercussão entre a população, que para a cientista política, Priscila Lapa, precisa estar tão incomodada quanto a sociedade estrangeira. 

“Deixou de ser uma escolha. Tanto que foram firmadas diversas agendas internacionais, diversos pactos, visando a redução de emissão de gás carbônico, vários pactos que envolvem essa questão, principalmente do aquecimento global, do derretimento das geleiras, das ondas de calor, a intensidade do clima, tudo condicionadas às questões ambientais”, afirmou a cientista. 

Hoje, a floresta amazônica já perdeu 50% da capacidade de reciclar água, já percebe-se no Brasil uma mudança de climática, com poucas chuvas em determinados lugares e chuvas demais em outros. Tudo está interligado. A Amazônia regula a distribuição das precipitações com o fenômeno conhecido como rios voadores. Os estados que compõe a “Amazônia Legal”, composto por Tocantins, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre, Maranhão e Mato Grosso, imploram para que os governantes tenham mais foco no combate aos desmatamentos e queimadas. O Acre inclusive já declarou situação de emergência. 

Segundo Priscila Lapa, o brasileiro ainda tem outras preocupações à frente do meio ambiente, como o desemprego, por exemplo, que afeta de forma mais imediata seu bem estar. No entanto, ela percebe que há um movimento em alerta para os riscos que corremos. “A sociedade brasileira está sinalizando que não concorda com essa postura e que existe um bem seriamente em risco que se a gente flexibilizar demais o controle disso, a gente vai ter uma perda, que é uma perda para todo mundo. O Brasil não pode de repente criar a agenda ambiental dele, desconectado da agenda ambiental do mundo e trazer erros históricos de países no passado sobre outros paradigmas de valores para justificar erros de natureza no presente”, afirma, lembrando das falas do presidente Bolsonaro sobre os países como a França terem problemas com suas florestas. 

O Governo Federal anunciou ajuda de Israel  para combater as chamas. A decisão foi tomada após conversa de Bolsonaro com  primeiro-ministro israelense, Benjamin Netahyahu, que já enviou um avião para apoiar os homens das Forças Armadas no trabalho.  Números do Programa de Queimadas, do Inpe, apontam que em agosto foram 30.901 focos de incêndio na Amazônia. Ainda não há nada para comemorar!

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