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6 Personalidades negras que fortalecem a luta abolicionista

Por: 13/05/2022 - 09:02
Maju Coutinho, primeira jornalista negra a fazer parte, de forma fixa, da equipe do Jornal Nacional
Foto: Reprodução

Por Lara Tôrres

Não podemos esperar o mês de novembro chegar para debater o racismo no Brasil, visto que o problema está presente no cotidiano todos os dias, impactando o dia a dia e prejudicando - quando não encerrando - a vida de muita gente.

A realidade é trágica: 11 estados do Brasil não coletam ou não divulgam informações completas sobre a etnia das pessoas mortas por policiais no ano de 2021, e mesmo assim o percentual de vítimas fatais de violência policial que são negras chegou a 81,5%. 

Os dados são de um levantamento realizado pelo portal g1, baseado no Monitor da Violência - fruto de parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP.

Desde o ano de 2018, quando a vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marielle Franco, foi executada a tiros junto ao seu motorista, Anderson Gomes, as discussões sobre a pauta antirracista ganharam força no Brasil, e também no resto do mundo, especialmente depois do assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, asfixiado por um policial branco.

O crescimento do debate social sobre o racismo é notório também na esfera judicial e política. Na quarta-feira (11), a Coalizão Negra por Direitos, em parceria com outros movimentos sociais como as Mães de Maio, Mães de Manguinhos e Mães da Maré, protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação pedindo o reconhecimento do genocídio da população negra brasileira. 

Essa constância maior do debate público sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira vem acompanhado de um elemento essencial para que o país consiga alcançar qualquer avanço: a multiplicação das vozes de pessoas negras pautando a discussão nas mais diversas mídias.

Considerando a importância que tem o ato de ouvir as pessoas diretamente interessadas, prejudicadas e impactadas por um problema social tão sério, abrangente e antigo como o racismo no Brasil, respeitando o lugar de fala de todos, nós da UNAMA decidimos apresentar a você uma lista com personalidades negras importantes no movimento antirracista no país:

 

Djamila Ribeiro 

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica, mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ela se tornou amplamente conhecida por seu ativismo on-line, e atualmente é colunista do jornal Folha de São Paulo, na revista CartaCapital, no site Blogueiras Negras. Também foi parte da equipe da Revista AzMina.

 

Por discutir racismo e filosofia de forma popular, Djamila não só ganhou notoriedade como passou a ser chamada de “filósofa pop”. Seu trabalho também lhe rendeu o cargo de secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo e um Prêmio Jabuti na categoria de Ensaios - Ciências Humanas, entre diversos outros feitos importantes em sua vida.

 

Maju Coutinho

Maria Júlia Coutinho Portes, conhecida como Maju,  é uma jornalista, apresentadora, comentarista, radialista e repórter brasileira que trabalha na Rede Globo. Formada em jornalismo em 2002, Maju teve uma carreira consistente antes de entrar na TV onde foi repórter, depois fez sucesso no posto de apresentadora de meteorologia em telejornais da emissora. 

Maju seguiu crescendo na carreira, até que se tornou, em 2019, a primeira mulher negra a fazer parte, de forma fixa, da equipe do Jornal Nacional. A jornalista também apresentou o Jornal Hoje antes de anunciar, em outubro de 2021, que passaria a integrar a equipe do Fantástico. 

Maju Coutinho não é “apenas” uma grande jornalista, como discute clara e abertamente a questão racial na TV de maneira contundente e firme, o que infelizmente também lhe rendeu ataques racistas na internet. A justiça, contudo, foi feita: dois homens foram condenados por racismo e injúria racial à jornalista utilizando perfis falsos, além de corrupção de menores pela indução três adolescentes a praticarem o mesmo crime.

 

Emicida

Leandro Roque de Oliveira, mais conhecido pelo nome artístico Emicida, é um rapper, cantor, letrista e compositor, considerado uma das maiores revelações do hip-hop do Brasil da década de 2000. A primeira aparição do rapper na mídia – fora das batalhas de improviso – foi com o single "Triunfo", acompanhado de um clipe com mais de 8 milhões de visualizações no YouTube. 

Emicida lançou seu trabalho de estreia em 2009, uma mixtape chamada “Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…”, pela sua própria gravadora. Em 2010, lançou seu segundo trabalho, o EP “Sua Mina Ouve Meu Rep tamém”, e a também mixtape Emicídio. O cantor já atuou como repórter nos programas Manos e Minas, da TV Cultura, e no “sangue B” da MTV Brasil.

O álbum “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…” que lhe rendeu uma indicação ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Urbana. Em 2019, lançou o “projeto amarelo" que envolve um álbum de mesmo homônimo, podcast, documentário e um show ao vivo, publicados pela Netflix.

 

Elza Soares (23 de junho de 1930 -  20 de janeiro de 2022)

Elza Gomes da Conceição, conhecida como Elza Soares, foi uma cantora, compositora musical e puxadora de samba-enredo que, em 60 anos de uma aclamada carreira, flertou com diversos gêneros musicais: samba, jazz, samba-jazz, sambalanço, bossa nova, mpb, soul, rock e música eletrônica.  

Músicas como "Se Acaso Você Chegasse" (1960), "Boato" (1961), "Cadeira Vazia" (1961), "Só Danço Samba" (1963), "Mulata Assanhada" (1965) e "Aquarela Brasileira" (1974) são sucessos dela, que foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio, em 1999 e aparece na 16ª posição da lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil.

Sua história de vida foi difícil: nasceu numa família com dez irmãos, na favela da Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, e ajudava a mãe com serviços domésticos. 

Aos 21 anos, viúva e com quatro filhos, tendo já perdido dois recém-nascidos para a desnutrição, e uma filha sequestrada, trabalhava como faxineira e precisava de remédios para uma das crianças, que estava com pneumonia.

Confiante em seu talento para cantar, Elza se inscreveu no concurso musical do programa de rádio “Calouros em Desfile”, apresentado pelo compositor Ary Barroso. Para a apresentação, usou um vestido da mãe, aproximadamente vinte quilos mais gorda, ajustado com alfinetes de fralda. 

Quando subiu ao palco, foi recebida com gargalhadas e ridicularizada por Ary, que perguntou: "De que planeta você veio, minha filha?", ao que Elza rebateu: "Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome". Sua performance abriu portas para alguns trabalhos, gravações e o início de sua carreira artística, marcada por obstáculos impostos pelo racismo nos primeiros anos.

 

Carolina Maria de Jesus (14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977)

Escritora, cantora, compositora e poetisa, muito conhecida por seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960, que lhe consagrou como uma das primeiras escritoras negras do Brasil. 

Carolina viveu por muito tempo com seus filhos na - hoje extinta - Favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, sustentando a si e seus 3 filhos como catadora de papéis. Foi nesse período que seu diário se transformou em livro com o auxílio do jornalista Audálio Dantas, posteriormente traduzido para 14 idiomas, com mais de um milhão de exemplares vendidos.

Conte-nos nos comentários: quem são as pessoas negras que você mais admira pela luta contra o racismo?

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